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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O QUE QUERES QUE EU TE FAÇA?



Até um tempo atrás, a história de Aladim e o gênio da lâmpada ainda era bem conhecida. Talvez não com todos os detalhes que a obra de origem árabe traz, mas principalmente por um detalhe: “Qual é o teu desejo?”; essa era a frase que o gênio da lâmpada dizia a Aladim toda a vez que este o solicitava, friccionando a lâmpada.
Muitos confundem o gênio da lâmpada com Jesus. O pensamento de que Cristo pode realizar todos os desejos de quem o solicitar é sempre um engano. Quando Bartimeu, o cego mendigo, está diante de Jesus, e tem a oportunidade dada pelo próprio Mestre para atender o seu clamor, a pergunta de Jesus não soa como “Qual é o teu desejo?”, mas sim “O que queres que eu te faça?”; ou seja, “Qual é a tua expectativa de como posso te ajudar?”
A pergunta de Jesus com a resposta de Bartimeu, “Que eu torne a ver!”, nos ensina alguns princípios para a nossa relação com o Mestre:
O primeiro princípio é que Jesus nos dá a oportunidade de apresentarmos as nossas necessidades diante dele. Não é difícil encontrar pessoas que queixam de suas dificuldades, sejam elas financeiras, enfermidades, de relacionamentos, pessoais e outras. É muito comum cada um queixar-se do tamanho de suas tragédias, da intensidade de sua dor, da situação de desespero e da sua inoperância em encontrar uma saída. No entanto, Jesus sempre dá a oportunidade de depositarmos nele a expectativa de alguma solução. Bartimeu insistiu, gritou, clamou e lhe foi concedida a oportunidade de apresentar sua necessidade.
Outro princípio é a confrontação de nossas necessidades. Na verdade, quando Jesus pergunta para Bartimeu o que ele quer do Mestre, o leque de opções era bem diverso. Afinal, há um bom tempo ele vivia da mendicância e, por isso, poderia ter respondido que queria ter dinheiro suficiente para atender pelo menos suas necessidades básicas. Poderia, quem sabe, pedir algum pedaço de chão para alguma cultura e, assim, ter o que comer e ter o que negociar. Poderia ter pedido qualquer coisa. Mas ele pediu o que realmente sentia ser necessário: a restauração de sua visão.
Um terceiro princípio dessa maravilhosa história é a visão do cego Bartimeu com relação a Jesus. Interessante, Bartimeu era cego mas sua visão de Jesus era mais nítida do que a maioria das pessoas que estava naquela multidão. Quando ele clama por auxílio, ele grita: “Filho de Davi, tem compaixão de mim!” Bartimeu já cria que Jesus era o Messias prometido desde os tempos antigos. Ele via com o seu coração que ele era o Cristo, o Filho de Deus. Sua expectativa de que Jesus poderia restaurar sua visão muito se embasa no que Isaías havia dito: “Dizei aos desalentados de coração: Sede fortes, não temais. Eis o vosso Deus. A vingança vem, a retribuição de Deus; ele vem e vos salvará. Então, se abrirão os olhos dos cegos, e se desimpedirão os ouvidos dos surdos;” (Isaías 35. 4 e 5). Bartimeu não somente pediu a Jesus para curá-lo porque tinha essa fama, mas porque ele cria que Jesus era o Filho de Davi, o Messias prometido.
De igual forma, Jesus também nos dá a mesma oportunidade: “O que queres que eu te faça?” E qual é a sua resposta? Lembre-se podemos até pedir o que quisermos e nos será feito (João 15. 7); mas há também um importante detalhe: as palavras estando em nós e, nós, permanecendo em Jesus. Tiago ainda nos informa que muitos pedidos não são atendidos porque a motivação é somente o esbanjar em prazeres, sem qualquer sentido de proveito no Reino de Deus.
Enxergue como Bartimeu já enxergava Jesus até mesmo antes da restauração de sua visão: Jesus é o Cristo, a fonte de toda nossa esperança. “O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados; a apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus, a consolar todos os que choram e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto; veste de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo SENHOR para a sua glória. (Isaías 61. 1 – 3).

Rev. Natanael Flávio de Moraes

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

MISSÕES: NÃO ADIANTA SÓ SABER... TEM QUE PARTICIPAR!


Penso que todo líder de igreja que sabe da importância de se fazer missões passa por um contínuo desafio: conscientizar sua igreja de aderir à causa missionária. Sempre quando se fala nesse assunto percebe-se um desconforto de alguns, um menosprezo ou até mesmo desprezo de outros, uma ridicularização de uma parte e algum interesse de poucos. E ainda, a maioria acha que então é tempo de fazer uma campanha de alguns trocados e umas oraçõezinhas durante os trabalhos da igreja.
            Existem dois conceitos em missiologia que nos ajuda entender qual deve ser o nosso envolvimento em missões: Missão integral e Missio Dei. Suas definições podem ser encontradas de forma abrangente em várias literaturas do assunto. Mas gostaria de forma simples mostrar a importância deles.
            Missão integral – é a proposta de que todos os discípulos e discípulas de Jesus já estão incumbidos de uma missão. Dessa forma, o missionário ou missionária não é somente aquele que vai pra um determinado campo missionário, mas o campo missionário é onde estiver. Então, se você é um frentista, pedreiro, professor ou professora, arquiteto, dona de casa, aposentado, pensionista, médico, dentista, lavrador, fazendeiro, atendente de loja ou qualquer outra ocupação que exercer, você já possui  um vasto campo missionário: o local de trabalho. Ainda como esposa, marido, pais ou filhos: sua casa é a sua missão.
            Missio Dei – missão de Deus. Este termo já se refere ao entendimento a respeito da missão de Deus, ou seja, o cumprimento de seus propósitos. Deus não é alguém que criou todas as coisas e abandonou sua criação. Também não fica somente assistindo os seres humanos como mero expectador e, vez ou outra, dá uma ajudinha para eles. Os decretos de Deus são eternos. Isso mostra que Deus tem a sua missão. Nós somos súditos do Rei devemos ter a missão de Deus como a nossa missão. Assim entendemos que nossas atitudes devem contribuir para a expansão e sempre em prol do Reino de Deus. Somos agentes do Reino, fiel ao Rei. A missão de Deus é o estabelecimento do seu reino.
            Não entender e não se envolver com esses pontos revela exatamente a condição de muitos crentes: o interesse particular de cada um em suas próprias coisas e dão pouca importância àquilo que é do Reino. Por isso quando uma campanha de oração ou arrecadação de ofertas, não somente para missões, mas para qualquer outro departamento da Igreja, nota-se uma “preguiça” em participar dessas ações. É porque não há nessas pessoas uma consciência de que são cidadãos e agentes do Reino de Deus.
            Por outro lado, quem já tem essa mentalidade de que já é um missionário na integridade de sua vida e de que a missão de Deus é a sua missão, é uma pessoa mais dinâmica, feliz, realizada e com um senso de satisfação de que contribui para uma grande obra. Sabe que não precisa deixar nada. Basta fazer de sua profissão, de sua casa, de seu núcleo social, de sua própria existência a plataforma para cumprimento dos propósitos e glorificação do Senhor Jesus.
            Pense nisso. Peça ao Senhor para que forje seu coração e sua mente para entender que você é alguém que já faz parte do Reino do Senhor. E seja alguém como agente do Reino.

Rev. Natanael Flávio de Moraes