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sábado, 19 de fevereiro de 2011

SEMPRE HÁ UM NOVO DIA

Às vezes temos a tendência de presumir que a vida é até o próprio presente. Com o mundo tão materialista e imediatista, chegamos a pensar que só existe o agora e mais nada. Com isso esquecemos e desvalorizamos o que foi realizado no passado. Os acertos e erros do passado fazem parte da construção de quem somos. Mas a visão de vida só do presente nos faz, também, desprezar qualquer expectativa de futuro; com isso ficamos sem esperança.
Quando as circunstâncias são momentos de alegria ou euforia, parece estar tudo bem, sob controle. Afinal seria o momento de aproveitar, de curtição. O problema é quando a circunstância não é muito agradável: uma doença, uma dor, uma dificuldade no trabalho ou na família, crises. Nessas situações achamos que tudo se acabou e, assim, sofremos porque não existe mais esperança.
Há diversas situações semelhantes com alguns dos personagens bíblicos: a viúva de Sarepta, o próprio profeta Elias, Jó, Zacarias quando ouviu o anúncio do nascimento de João Batista, os discípulos de Jesus seja na tempestade ou quando não havia mais pão ou até mesmo na morte do Mestre. Eram situações que traziam a sensação que não havia mais nada para se fazer. Mas Deus reverteu todas essas situações. Em muitos momentos Deus realiza suas obras nos fazendo recordar que muito Ele já fez no passado, por isso, podemos descansar n’Ele pois sempre age para o bem daqueles que o amam.
Nossa atitude deve semelhante aquela orientação que Paulo fez aos filipenses: Não que eu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfeiçoado, mas prossigo para alcançá-lo, pois para isso também fui alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus. Todos nós que alcançamos a maturidade devemos ver as coisas dessa forma, e se em algum aspecto vocês pensam de modo diferente, isso também Deus lhes esclarecerá. Tão somente vivamos de acordo com o que já alcançamos.” (Filipenses 3. 12 – 16).
Sempre há um novo dia. Sempre há chance para um recomeço. Sempre há a oportunidade de vermos as maravilhas que Deus opera. Hoje podemos estar não muito bem, mas isso não significa que nada mais pode ser melhorado. A esperança para o discípulo de Jesus nunca se esvai. Pois até quando os dias se acabar há esperança, pois significa que Jesus voltou para nos buscar e aí será sempre um dia lindo com o próprio Senhor nos iluminando.
“...o choro pode persistir uma noite, mas de manhã irrompe a alegria. (Salmo 30. 5)


Natanael Flávio de Moraes, rev.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

UNIDADE DA IGREJA


Unidade e desunião

            Na Igreja pode haver o exercício da unidade como também, por infelicidade, o exercício da desunião. Isto quer dizer que quando uma igreja local exercita a unidade, ela está obedecendo ao que a própria Palavra diz: “esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz,” (Efésios 4.3); por outro lado, quando há desunião na igreja local o que podemos perceber é algo estranho ao comportamento que essa igreja deveria exercer. Nesse último caso estará presente um espírito desidioso na observação da Escritura, bem como a soberba ou a arrogância por parte de alguém ou de algum grupo dentro dessa igreja.
            Deve-se compreender que a unidade não é a mesma coisa que uniformidade em um sentido mais radical. A unidade é a qualidade daquilo que é único, mas não quer dizer que possui uma única forma nela mesma. Sendo assim, a unidade da Igreja é a característica que ela possui de ser única ou exclusiva de Deus; mas, ao mesmo tempo, ela possui membros que só podem ser ou agir de uma única forma. Então, é nesse sentido que a Igreja possui unidade mas não uma uniformidade radical.
Mas há ainda outro ponto que se deve atentar. Pelo fato da Igreja não possuir uma uniformidade no sentido mais radical da palavra, por sua vez ela possui uma diversidade. A diversidade é a qualidade que a Igreja única de Deus possui para agir de diversas maneiras. Em 1ª Coríntios nota-se que os crentes daquela igreja achavam que deveria existir um único grupo ou pelo menos um grupo que prevalecesse em relação aos outros. É então o momento de Paulo esclarecer suas mentes: “Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer. Pois a vosso respeito, meus irmãos, fui informado, pelos da casa de Cloe, de que há contendas entre vós. Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo. Acaso, Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós ou fostes, porventura, batizados em nome de Paulo?” (1Coríntios 1. 10-13).
            Mais adiante nessa mesma Carta, Paulo então aplica que há uma unidade e, dentro dessa unidade, há uma diversidade: “Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos.” (1 Coríntios 12. 4-6).
Deve-se perceber que a diversidade existente na Igreja não deve significar desunião, muito pelo contrário, a diversidade deve cooperar para o fortalecimento da unidade. Infelizmente, o que pode ocorrer é surgir o desejo por parte de uns ou outros membros da Igreja que procuram prevalecer com suas preferências pessoais. E, na maioria das vezes, esses desejos não representam o bem da comunidade eclesiástica nem é uma orientação da Palavra de Deus. São meros caprichos. Quando isso ocorre, então facilita o enfraquecimento da comunhão com o surgimento do comportamento mais desunido entre os membros da Igreja.
Por outro lado, quando as ações da Igreja são pautadas pela Palavra de Deus e suas decisões são em obediência à Palavra em prol da comunidade cristã (seja o zelo por uma doutrina sadia, pregação fiel das Escrituras, disciplina, mudanças, entre outros), então haverá um fortalecimento da comunhão e, consequentemente, a unidade da Igreja.
Precisa-se levar em consideração que a Igreja é uma instituição divino-humana. Divino por ser fundada por Deus através da obra de Cristo. Humana porque seus membros são seres humanos. Como uma instituição divina, a Igreja possui todos os elementos para agir dentro do paradigma divino: a Bíblia, a presença do Espírito, a intercessão do próprio Cristo, os dons espirituais, entre outros. Todos esses elementos contribuem para a ação correta da Igreja. Contudo, não há como pensar que a Igreja acerta em todas as suas decisões. A Igreja também é uma instituição humana e, consequentemente, suscetível a erros. (cf. CONFISSÃO de Fé de Westminster, capítulos XXV. V e XXXI. III).
Deste modo, pode-se afirma que quando uma Igreja em um determinado local age em favor da unidade cristão, exercitando a comunhão, é porque essa Igreja tem usado os elementos dados por Deus. Por outro lado, quando essa mesma comunidade age desfavorecendo a unidade cristã, há possibilidade de que os erros provenientes de sua humanidade tenham se evidenciado mais



Cooperação

            Cooperação representa tanto o ato ou o efeito de trabalhar simultaneamente com alguém, como também auxiliar alguém. A cooperação é a atividade prática de cada membro da Igreja em relação aos demais. Cooperação dentro do Corpo de Cristo pode ser entendida como apoiar ou incentivar alguém que execute qualquer trabalho. Também significa fortalecer o fraco, esclarecer o confuso, perdoar e ser perdoado, enfim, viver em um companheirismo fraterno uns com os outros: “Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é o cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda a junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.” (Efésios 4. 15 e 16).
            A cooperação faz parte de um crescimento ou progresso. Esse progresso acontece dentro da perspectiva de Cristo e é realizado em amor. Isso quer dizer que cooperação não se faz em um simples ato mecânico, ela é realizada no crescimento que só o amor ocasiona. Percebe-se que quando há a decisão de cooperar ou auxiliar, é aí que há o estímulo ao amor e às boas obras: “Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras.” (Hebreus 10. 24).
            O exercício da cooperação é o que vai contribuir para uma comunhão com aspecto real e sadio e, consequentemente, uma forte preservação da unidade cristã. Isso significa que não há como esperar que surja um sentimento de cooperação para então realizar tal cooperação. Segundo o texto de Hebreus (supra) percebe-se que, primeiramente, é necessário considerar uns aos outros e isso contribuirá para a continuidade da cooperação. Assim, também diz Paulo: “para que não haja divisão no corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros. De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam.” (1 Coríntios 12. 25 e 26).
            Paulo ainda exorta: “esforçando diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz.“ (Efésios 4.3), nota-se que deve existir um esforço por preservar a unidade do Espírito através de um instrumento: o vínculo da paz. Através dessa expressão, deve-se entender que as ações da comunidade cristã se fazem pelo elo, ou ligação da paz; mas, que paz é essa? É interessante perceber que paz vai além do significado de ausência de guerras, ou de conflitos, ou de problemas. Na verdade, paz também o sentido de acordo ou concórdia, bem como de uma tranquilidade social e o estabelecimento da ordem. Isso mostra que o preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz também é uma orientação para que se deixem as diferenças pessoais de lado em busca do bem comum. É a prática da declaração de amor mútuo, amor este proveniente de Cristo. Sendo assim: “O vínculo é fortalecido quando emprestamos nossos ouvidos às angústias do irmão (nunca ao tropeço dos outros!). O tempo que dedicamos ao companheiro de jornada torna-se em bálsamo para suas feridas, força para suas fraquezas. A unidade fica mais evidente (Gálatas 6. 2), pois nesse partilhar e compartilhar poderemos, sem receio de nos expor ao ridículo, declarar nosso amor mútuo, derramando as mesmas lágrimas, sorrindo com as mesmas alegrias, partindo, repartindo e comendo o mesmo pão da graça infinita.” (SANTOS, Ismael dos. O teste da unidade. In: HORREL, J. Scott (ed.).  Ultrapassando barreiras: igrejas inovadoras e métodos bíblicos que brotam no Brasil. São Paulo: Vida Nova, 1995, p. 215.)
            Enfim, cooperação é a disposição de trabalhar e auxiliar irmãos e irmãs em um mesmo propósito. Esse propósito visa o bem de cada um e, assim, edifica a Igreja, fortalece o Corpo de Cristo e glorifica o nome de Cristo.



Dons e ministérios

            O interesse aqui nesse ponto não é um aprofundamento a respeito de discutir quais ou quantos dons espirituais existem. A atenção está na importância dos dons para a promoção da comunhão.
            Os dons são dados aos homens por causa de Cristo. Foi Ele quem “subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens.” (Efésios 4. 8). As listas dos dons espirituais que aparecem no Novo Testamento estão em Romanos 12.3-8, 1 Coríntios 12. 1-11, Efésios 4. 7-16 e 1 Pedro 4. 7-11. Alguns dos dons se repetem em alguma lista e outras não.
            Os dons espirituais possibilitam aos crentes o desenvolvimento de seus ministérios, servindo, assim, a Deus e ao Corpo de Cristo. É bom lembrar que em todos os textos que tratam sobre os dons espirituais, sempre é ressaltada razão pela qual os dons são dados: edificação do Corpo e a glória de Deus. Sendo assim, o desenvolvimento dos dons e, consequentemente, o envolvimento com seus respectivos ministérios, possibilitam ao crente a promoção da comunhão e o fortalecimento da unidade da Igreja.
            A promoção da comunhão através do exercício dos dons faz com que cada crente saiba agir com prudência no trato de um com os outros. Isso porque diminui possibilidade do crente arrogar para si uma importância que não lhe é devida. É essa afirmação que se encontra no apóstolo Paulo: “Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um. Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros, tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada...” (Romanos 12. 3-6)
            E aprofundando ainda mais essa idéia: “Através do ‘crente-canal’, Deus, a Fonte, transmite e dispensa sua bênçãos a outrem. O membro do Corpo de Cristo que entende isso não tem tempo ou interesse para se vangloriar e nem para se desvalorizar, pois está feliz da vida, ocupado em ser um eleito para o serviço do Rei.” (KNIGHT, Lida E. Quem  é você no Corpo de Cristo? Campinas: Luz para o Caminho, 1994, p. 16-7).
            Pode se perceber que os dons espirituais dados por Deus não causam separação dos crentes, mas, sim, a promoção dentro do Corpo de Cristo. Com o exercício dos dons o que ocorre é um apoio mútuo dos membros da Igreja que resulta no fortalecimento da unidade da Igreja. Além disso, o desenvolvimento dos dons e o envolvimento em seus respectivos ministérios contribuem para que os crentes se ajustem como membros e vão crescendo no amadurecimento na fé em Cristo.



A Santa Ceia

            A Santa Ceia é um dos sacramentos instituídos pelo Senhor Jesus. A participação na Santa Ceia conta com a presença espiritual e real de Cristo. Desde modo, quando o crente participa da Santa Ceia ele está nutrindo sua própria vida pois, do mesmo modo que o pão e o vinho alimentam o corpo. Cristo alimenta a alma. Há de se notar que a Ceia também é um meio de graça que, como tal, fortalece o crente: “A Ceia é um meio de graça, isto é, um meio que Deus usa para nos nutrir e fortalecer espiritualmente. Por isto, devemos participar dela regularmente. Na antiga aliança, o israelita que deixasse de participar da páscoa, sem justificativa, era eliminado do povo de Deus (Nm 9. 13). Na nova aliança, o crente que deixa de participar da Ceia do Senhor, sem justificativa, está fechando um canal de bênçãos para sua vida e se aniquilando espiritualmente”. (NASCIMENTO, Adão Carlos. Pensando e repensando a profissão de fé: orientação segura para quem se prepara para a pública profissão de fé: reflexões sérias e profundas para quem já é membro da Igreja. Santa Bárbara d’Oeste: Socep, 2004, p. 152).
            Um fator interessante sobre a Santa Ceia é que ela é uma celebração comunitária. Ou seja, a Ceia não é uma celebração individual ou particular. Muito pelo contrário, ela deve ser celebrada justamente par o exercício da comunhão. É evidente que, individualmente, cada crente é fortalecido pela presença de Cristo; não obstante, a Ceia é celebrada em caráter comunitário com a participação dos membros do Corpo de Cristo pertencentes a uma igreja local (1 Coríntios 11. 17 -34).
            Na Confissão de Fé de Westminster nota-se a importância de se observar a Santa Ceia, bem como a finalidade da participação nesse ato: “Na noite em que foi traído, nosso Senhor Jesus instituiu o sacramento de corpo e sangue, chamado Ceia do Senhor, para ser observado em sua Igreja até o fim do mundo, para ser uma lembrança perpétua do sacrifício que em sua morte ele fez de si mesmo; para selar, aos verdadeiros crentes, todos os benefícios provenientes desse sacrifício para o seu nutrimento espiritual e crescimento nele, e seu compromisso de cumprir todos os seus deveres para com ele; e ser um vínculo e penhor de sua comunhão com ele e uns com os outros, como membros de seu corpo místico.” (CONFISSÃO de Fé de Westminster, capítulo XXIX. I)
            A participação na Santa Ceia é algo que fortalece o crente na fé em Jesus, uma vez que celebra tanto a salvação dada pelo sacrifício de Cristo na cruz como revigora a expectativa de seu retorno. Não obstante, a Ceia também fortalece a lembrança da comunhão dos membros do Corpo de Cristo; e, essa lembrança, deve se tornar cada vez mais prática entre tais membros. “Exame de consciência antes da participação levará o homem a apropriar-se do verdadeiro segnificado da Santa Ceia: a participação do corpo de Cristo. Não mero banquete, ou simples lembrança intelectual, mas synpeymosis, interpretação espiritual, a renovação do concerto, do pacto – diathêkê­ – entre o Senhor e o homem. Paulo diz que quando o participante não é capaz de discernir a comunidade à qual pertence como o corpo de Cristo, busca o juízo e condenação para si. Isto é, quando o crente vem para a comunidade cristã como a uma sociedade qualquer, onde, entre muitos ofícios de que participa, participa também da reunião na qual um pequeno pedaço de pão e uma porção de vinho são oferecidos em cumprimento de uma disposição regulamentar ou canônica, ou de costume trimestral, mensal ou semanal. Lá fora os homens se discernem por classes sociais, capacidade financeira, política, física ou intelectual. Aqui, na Igreja de Cristo, letrados e ignorantes, empregados e empregadores, oficiais e soldados, gente da cidade, dos subúrbios ou dos campos, dos palácios e das favelas, formam um grupo homogêneo e esta homogeneidade é dada pela presença carismática de Cristo, que a todos senta na mesma mesa, participantes do mesmo pão.” (BITTENCOURT, B. P. Problemas de uma igreja local: a igreja de Corínto e a minha congregação. Coleção Wesleyano nº 2. S/l: Associação Acadêmica João Wesley, 1962, p.103-4, sic).
            Evidentemente, há de se entender que a Santa Ceia não é uma celebração exclusiva de uma única denominação. Nenhuma denominação tem o poder de, como que em uma estranha presunção de auto autenticidade, arrogar para si ser a verdadeira igreja de Deus, portanto, somente quem estivesse em um rol de membros de tal denominação poderia participar da Ceia. Nesse momento, quando se fala de denominações, está sendo consideradas aquelas conhecidas com evangélicas. Sendo assim, a Santa Ceia deve ser uma prática que venha promover a comunhão e não causar um distanciamento entre irmãos e irmãs da mesma fé em Jesus.
            A participação na Santa Ceia contribui para a promoção da comunhão porque, além de se reafirmar o compromisso com Cristo, tem-se a oportunidade de evidenciar de que se faz parte de um Corpo, o Corpo de Cristo, e conviver em comunhão com os membros desse Corpo.
            Pode se perceber que a unidade da Igreja tem um paradigma excelente: a Trindade Santa. A relação das três pessoas da Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, é uma relação baseada no amor. Além disso, vê-se a comunhão perfeita entre essas pessoas. A igreja cristã pode e deve olhar para o próprio Deus, especialmente na relação trinitária, para aplicar a realidade da unidade na igreja.
            A Igreja invisível nada mais é do que o próprio Corpo de Cristo. Sua unidade é estabelecida pela obra de Cristo na cruz e na aplicabilidade do Espírito Santo.  Evidentemente que a presença do Senhor Jesus é a evidência marcante na Igreja Invisível.
            A unidade da Igreja visível se percebe nas ações dos membros para que preserve essa unidade. Deus está no controle também da igreja visível; não obstante, Deus pode permitir que haja inúmeras denominações devido à dureza do coração das pessoas. Deve-se entender que isso pode ser encarado como diversidade nas realizações no Reino de Deus.

Natanael Flávio de Moraes, rev.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

UM FELIZ ANO NOVO COM JESUS



                A chegada de um novo ano sempre traz boas expectativas. É a oportunidade de recomeçar todos os projetos e sonhos. Essa expectativa com relação ao ano novo na verdade é bem positivo. Afinal, sempre é muito bom ter a chance de fazer as coisas tudo de novo.
                Algumas pessoas, inclusive, chegam até lançar mão de superstições na tentativa de ter um ano só com coisas boas: estar todo de branco na virada do ano, ir par o litoral e lançar oferendas no mar, e outros tipos de simpatia. Contudo, isso nunca garantiu um ano sem desafios seja para quem for.
                O que precisamos aprender em todo tempo é viver de forma sábia. Não adianta buscar em simpatias ou em superstições a apreensão de felicidade. A vida pode ser vivida melhor quando vivemos em sabedoria. É isso que já disse o rei Salomão: Filho meu, se aceitares as minhas palavras e esconderes contigo os meus mandamentos, para fazeres atento à sabedoria o teu ouvido e para inclinares o coração ao entendimento, e, se clamares por inteligência, e por entendimento alçares a voz, se buscares a sabedoria como a prata e como a tesouros escondidos a procurares, então, entenderás o temor do SENHOR e acharás o conhecimento de Deus. Porque o SENHOR dá a sabedoria, e da sua boca vem a inteligência e o entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos; é escudo para os que caminham na sinceridade, guarda as veredas do juízo e conserva o caminho dos seus santos. Então, entenderás justiça, juízo e eqüidade, todas as boas veredas. Porquanto a sabedoria entrará no teu coração, e o conhecimento será agradável à tua alma.” (Provérbios 2. 1-10)
                Precisamos de sabedoria porque assim conseguiremos ter a noção de certo e errado. A noção do que se deve fazer, o que não se deve fazer e o que não convém fazer. Além disso, quando buscamos sabedoria, quer dizer que demonstramos estar temendo a Deus, pois o temor do Senhor é o princípio da sabedoria.
                O princípio da sabedoria é estar mais perto de Jesus. Ofertemos nossos corações ao Senhor, alegremo-nos a cada dia em sua presença. Desfrute de seu amor. Compartilhe desse amor de Jesus aos outros ao seu redor.
                Que neste ano possamos a cada dia estar mais perto de Jesus. Que aproveitemos as oportunidades de buscar a sabedoria que vem lá do alto em cada instante da nossa vida. Que o Senhor possa o abençoar em todas as circunstâncias.

Natanael Flávio de Moraes, rev

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

NATAL... SEM JESUS?


                Chegamos a mais um dezembro! Já podemos ver várias casas e lojas enfeitadas, luzes e cores espalhadas por toda a cidade. Sem dúvida é o anúncio do Natal. Para muitos é o anúncio de mais um final de ano, isso quer dizer que é sinônimo de festas, férias, comemorações, diversão e momentos de alegria. Contudo, o motivo de toda essa festa ainda é (ou deveria ser) o Natal.
                É possível que nós esqueçamos, também, o verdadeiro sentido do Natal. O Natal nada mais é do que celebração do nascimento de Jesus, o nosso Salvador. Seria como comemorar o aniversário dele. Afinal, o nascimento de Jesus significa que a promessa de Deus em enviar o Messias se cumpriu. O nascimento de Jesus é a concretização da encarnação do Verbo. O nascimento de Jesus trouxe a possibilidade (como de fato aconteceu) de poder se entregar pelos pecadores e, assim, serem salvos.
                Agora, eu não sei se você já percebeu que o Natal tem perdido gradativamente essa essência de Cristo. Podemos ver árvores de Natal, enfeites, sinos, luzes e cores. Mas no centro de toda essa celebração está: Papai Noel. E ele aparece de várias formas e tipos: tradicional, esportista, radical, voando, nadando, correndo, dirigindo um trenó, conduzindo um conversível, pilotando helicóptero entre outras formas. Agora, se o Natal deveria ser a celebração do nascimento de Jesus, cadê as honras devidas a ele? Porque homenagear alguém como o tal Papai Noel se nem há certezas se, de fato, ele existiu como pessoa comum e por que ele agora tem que receber toda a honra e toda a glória? O Natal tem sido cada vez mais como uma festa de aniversário sem o aniversariante. Um Natal sem Jesus. E o que é pior, é que não tem se sentido a falta dele.
                O que na verdade o mundo tem intentando é fazer com que todos nós sejamos mais seculares e menos cristãos. É a tentativa é de nos fazer mais consumistas e materialistas, e menos solidários e cordiais.
                É interessante que na ocasião do nascimento de Jesus houve uma miríade de anjos celestiais louvando a Deus por sua bondade, porque a esperança de salvação se concretizaria. E muitos de nós sequer lembramos-nos de rogar a presença de Cristo em nosso dia a dia. Houve o aviso aos pastores que havia nascido o Salvador. E muitos hoje sequer se interessam pela urgência de anunciar a Cristo. Presentes e dedicação foram ofertados ao Salvador. Muitos, hoje, estão mais preocupados com o 13º salário e a dedicação de como consumi-lo.
                Precisamos celebrar o Natal, sim! Podemos enfeitar nossas casas. Não há problema algum e dar e receber presentes. A questão é que tudo isso deve lembrar e honrar a Cristo. Jesus, foi, é e continuará sendo a pessoa mais importante no Natal. Assim como é também no ano novo, na Páscoa, no dia de Ação de Graças, no seu e no meu aniversário, em todos os dias da nossa vida. O Natal é oportunidade de celebrarmos não só o nascimento de Jesus, mas a presença dele conosco todos os dias.
                Que o sentido do Natal de Jesus esteja presente, não só agora, mas todos os dias de nossas vidas. Que Jesus esteja sempre presente em todas as nossas celebrações. 

sábado, 30 de outubro de 2010

REFORMA PROTESTANTE, E EU COM ISSO?

         
           Não é necessário fazer uma pesquisa profunda em nossas igrejas para perceber que, infelizmente, a Reforma Protestante é um assunto quase totalmente desconhecido. É até compreensivo que saber dados e datas históricas não é tão simples assim. Contudo, o que devemos salientar é o porquê da Reforma Protestante.
            A Reforma Protestante surgiu, no início, com intuito de proporcionar uma “reforma” dentro da Igreja. Seria uma reforma bíblica, espiritual, moral, entre outros pontos. Devido a dureza do coração dos homens, isso não foi possível. Por essa causa os reformadores não tiveram escolha a não ser iniciar um movimento religioso com os fundamentos coerentes da Palavra de Deus. Era o retorno às Escrituras.  
            Você e eu precisamos olhar para os princípios da Reforma. Isso tem tudo a ver com aqueles que, sinceramente, desejam viver espiritualmente sadios. É preciso focar algumas marcas da Reforma:
            - Renovação espiritual: o protestante tem por característica ser renovado espiritualmente. Isso nada tem a ver com um evento dentro de cultos. Ser renovado espiritualmente é ter um coração centrado na vontade de Deus.É alguém que sabe a importância de uma vida de oração. É alguém que entende que sem a leitura da Palavra não há alimento que nutre sua alma.
            - Consciência missionária: Deus nos deu uma missão. Decorrente disso, sabemos que nada acontece por acaso. Tudo contribui para que realizemos essa missão. Há a missão da Igreja: adorar a Deus e chamar outros para, aceitando o Senhor Jesus, também façam parte dessa adoração. E há a missão de cada um nós: ser instrumento nas mãos dEle, para sua glória, edificação da Igreja e para o nosso contentamento em Jesus.
            - Visão elevada: o pensamento reformado sabe que o nosso foco não é aqui. Estamos aqui, mas não ficaremos aqui. A visão do protestante deve estar sempre em Cristo. Isso faz com tenhamos uma visão acima de qualquer outra realidade recordando-nos de que Jesus retornará para nos levar para a glória eterna.
            Muitas outras carcterísticas poderiam ser levantadas no exemplo dos reformadores como Lutero, Calvino, Nox, Zuínglio, entre outros. Não obstante, basta ter a noção de que ser herdeiro da Reforma Protestante nos faz responsáveis perante Deus e perante toda a sociedade em ser verdadeiramente sal da terra e luz do mundo. É saber que não podemos nos acomodar aos moldes do mundo em que vivemos, mas influenciar esse mundo com a Palavra santa do nosso Deus bendito.

rev. Natanael Flávio de Moraes

terça-feira, 26 de outubro de 2010

BLACKOUT


                Blackout é uma palavra inglesa que significa escurecimento temporário. É quando ocorre um corte de energia elétrica e todos ficamos literalmente no escuro. No bom português significa “apagão”. Em tempos de chuvas, especialmente com a presença de relâmpagos, isso ocorre com muita frequência.
                Agora, mais preocupante que o blackout de energia elétrica, é o blackout espiritual. É o apagão espiritual que pode às vezes ocorrer. É o momento de “corte” temporário no relacionamento com Deus. Pode até parecer inofensivo, mas não é bem assim. O apagão espiritual pode trazer grandes prejuízos. Vejamos alguns exemplos de pessoas que tiveram esse blackout espiritual:
                Caim – Caim e Abel estavam ofertando ao Senhor. Prestando um culto a Deus. Contudo, num momento de blackout espiritual Caim não fez uma oferta devida ao Senhor, ficou bravo com Deus, teve inveja de seu irmão até culminar no assassinato de Abel. A partir disso viveu como um fugitivo.
                Davi – O homem segundo o coração de Deus. Alguém realmente que amava a Deus. Alguém que compreendia a vontade do Senhor para a sua vida. No entanto, um dia em seu palácio, permitiu que ocorresse um apagão espiritual. Vê uma mulher, Bate-Seba, se banhando. Ele a deseja e a possui. Ela fica grávida. E Davi tenta de todas as formas dar um jeitinho nisso tudo. Até culminar na morte do legítimo marido, Urias. Davi, a partir de então, não teve mais paz em sua própria família.
                Ananias e Safira – um casal crente no Senhor Jesus. Venderam uma propriedade e resolveram entregar uma parte desse valor como oferta para a Igreja. Até aí não tinha problema nenhum. Mas eles tentaram passar uma mentira para o Espírito Santo e para a Igreja. Afirmaram que aquele valor era o valor total da venda e não somente uma parte. Um blackout que gerou a morte de Ananias e Safira.
                Demas – Não há muita informação sobre este discípulo de Jesus. Ele é mencionado no Novo Testamento e visivelmente era um auxiliador e companheiro dos apóstolos. Tristemente uma citação no final da 2ª carta de Paulo a Timóteo diz: “Demas, tendo amado o presente século” fez o seguinte: abandonou Paulo. Num momento de intensa luta e desafios que a Igreja já possuía naquele momento, Demas preferiu voltar amar o tempo terreno e não aguardar a esperança em Jesus.
                Um blackout espiritual ocorre com qualquer um. A graça do Senhor Jesus é que nos sustenta e nos dirige no Espírito Santo, além de nos conceder o perdão através da cruz. Mas é necessário vigiar e orar para que tais blackouts não se tornem uma cegueira espiritual completa, um viver nas trevas e não na luz. Que o Senhor nos guie sempre em sua luz. “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;” (1 Pedro 2. 9)
               
Na luz de Cristo,

Natanael Flávio de Moraes, rev

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

“... QUANDO O VIRAM, O ADORARAM; MAS ALGUNS DUVIDARAM.”

Em nossa cultura há um pensamento corrente que sempre permeia a vida de muitas pessoas: “é preciso ver para crer”. Esse é um ditado popular criado a partir do exemplo de Tomé, aquele discípulo que falou que se ele não visse o Senhor Jesus e nem tocasse em suas feridas, de jeito nenhum acreditaria. Jesus apareceu, Tomé o viu e creu. Nem precisou tocá-lo.
Contudo, nem sempre isso acontece. No Evangelho de Mateus encontramos o relato de Jesus aparecendo aos seus discípulos na Galiléia. Imagine você, depois da morte e ressurreição de Jesus ele marca um encontro com os seus discípulos! Sem dúvida era um momento único. E no capítulo 28, no versículo 17, percebemos que, quando os discípulos o viram, imediatamente o adoraram. Afinal, era a comprovação da vitória de Jesus sobre a morte, realmente seu reino não terá fim. Porém, nesse mesmo versículo diz que alguns duvidaram. Nem todos, mesmo com o próprio Senhor Jesus diante deles, acreditaram.
Essa mesma realidade é encontrada nas igrejas também. Sempre vamos ser desafiados a crer que Deus está à frente das nossas vidas em toda e qualquer situação. Mas em muitos momentos a dúvida em relação a Sua presença vem rondar nossos corações. Ou ainda, muitos até tem a consciência que Deus está perto, mas chegam a duvidar se realmente ele pode fazer alguma coisa. É isso que estava acontecendo com alguns discípulos; eles foram para se encontrar com Jesus, o viram e, mesmo assim, duvidaram.
A dúvida é sempre um entrave na relação com Deus. Enquanto as dúvidas estiverem presentes em nosso coração, nunca deliciaremos completamente do cuidado e da provisão de Deus. Quem prefere ficar na dúvida com Deus vai sempre fugir pra caverna, beber águas rotas, levar fogo estranho, oferecer sacrifício que não lhe é devido, viver com medo. Por outro lado, quando alguém prefere crer em Deus e na força do seu poder, sabe que Deus está sempre ao seu lado, pode clamar que Ele ouvirá o seu clamor, sabe tomar decisões responsáveis, viverá sempre na perspectiva do Salmo 37. 5 e 6: “entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará. Fará sobressair o teu direito, como o sol ao meio-dia.”
Nem sempre vendo se crê. Como disse Jesus: “mais bem-aventurados os que não viram e creram”. Que possamos sempre crer nesse Deus grandioso. Que sejamos como aqueles que estando com Jesus imediatamente o adoraram... e não duvidaram.

Natanael Flávio de Moraes, rev.