Na Bíblia Sagrada, mais precisamente no Evangelho de Lucas capítulo 15, encontramos uma história bem conhecida. A história contada por Jesus de um pai que tinha dois filhos. O mais novo resolveu pedir sua parte da herança e pouco tempo depois sai de casa indo para uma terra distante e, lá, desperdiçou tudo o que possuía com tudo e com todos. Depois de acabada sua riqueza, enfrentado grande fome e chegar na miséria econômica, moral, ética e espiritual, decidiu voltar para a casa do pai implorando que o aceitasse como um humilde servo. O pai o recebe como filho. Um filho que estava morto, mas agora reviveu.
Não obstante, o filho mais velho nunca saiu da casa do Pai. Se indignou com a volta do irmão. Não aceitou sua presença ali. E, ainda por cima questionou a atitude do pai em perdoar aquele promíscuo, além de achar que o pai nunca deu a devida atenção que esse filho mais velho pensava merecer.
É interessante notar que na humanidade sempre vão existir rebeldes e conservadores, inovadores e tradicionais, gente que vai e gente que fica, aventureiros e questionadores, filhos mais novos e filhos mais velhos. Sempre encontraremos pessoas que pensam que podem fazer tudo porque são “donas de seus narizes” e, outras, que pensam merecer tudo porque fazem “tudo direitinho”. No fundo, no fundo, os dois são iguais. Os dois lados criam leis ou interpretam-nas erroneamente considerando dignas de possuir algo (como o filho mais novo) ou de merecer algo (como o filho mais velho).
Semelhantemente nós cristãos temos a tendência de fazer da própria graça de Deus uma lei destituída da graça em Jesus. Ou exigimos que Deus faça conforme a nossa vontade ou fazemos “tudo direitinho” para Deus notar que merecemos receber o que nós desejamos. Isso é estabelecer uma lei da graça. Uma lei humana de uma graça que não existe.
Quando Deus deu a Lei para o povo de Israel, muitos não notaram que Deus estava dando graça ao povo. Toda a exigência da Lei seria cumprida por aquele que esmagaria a cabeça da serpente (Gn. 3. 15). O problema é que cada um quer se ver mais perfeito que o outro como se Deus não nos aceitasse como somos ou estamos. Deus não exige sacrifícios, ele aguarda obediência.
A graça da Lei é a mesma graça de Jesus. É ser salvo por graça. É obedecer por graça não por obrigação. É esperar algo pela vontade do Pai, não porque merecemos (porque nunca merecemos). É fazer para Deus porque estamos gratos pela sua graça concedida.
Não crie leis da graça. Viva a graça. A graça que há na Lei. A graça em Jesus. Compartilhe a graça. Não recuse fazer o bem aos outros porque você acha que eles não merecem, porque isso não é graça e muitos menos compartilhar graça. Os dois filhos daquele pai tentaram fazer da graça concedida leis para si próprios. No final de seus erros o que eles encontraram? Novamente o pai estendendo seus braços de graça.
Sorria mais, agradeça a todos, seja educado, faça o bem, não vingue-se de ninguém. Viva com Jesus. Isso é graça.
Natanael Flávio de Moraes
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